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O Fadista

terça-feira, novembro 01, 2005

O relógio marcava seis horas naquele fim de tarde de inverno chuvoso. Júlia, outrora uma bela mulher impregnada da alegria própria de uma juventude crivada de sonhos, terminara mais um dia da sua habitual jornada na fiacção. Visivelmente apagada e sem esperança, mantinha aquele trabalho há 17 anos, altura em que se apaixonou por Norberto com quem viria a casar-se e a ter os seus três filhos. Não imaginara Júlia, que poucos anos depois, se viria a tornar o pilar daquela casa assegurando o sustento e a dignidade do que ainda se poderia apelidar de família.
Seria um fim de tarde igual a tantos outros, marcados pela mecanização instintiva dos mais pequenos gestos diários, se algo de inesperado não tivesse surpreendido Júlia. Norberto, entregue de forma inabalável ao vício do alcool, que o vinha consumindo desde o seu despedimento da firma de sucatas onde em tempos trabalhara, não se encontrava, como habitualmente, prostrado naquele sofá velho e enfadonho, situado no canto mais obscuro da minúscula sala.......


Posted by rms |


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